quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eu não disse que o dono ia pagar?

Hoje vou contar um pouco do que eu apronto com o dono. Afinal, ele precisa pagar pelo susto que me deu, quando me "mostrou" que já tinha tela nas janelas, não é?  Eu já contei isso...


Uma das primeiras coisas que aprendi com o meu irmão Ferrugem foi fugir lá na casa da praia...

O dono fez uma casa à prova de gatos, sabe? Tem muros em volta do jardim... os portões são de madeira e não dá para passar por baixo... tem cerca de arame na frente da casa. Então, eu sempre me contentei em ficar ali na frente, olhando o movimento da rua, por trás da cerca.




Mas daí veio o Ferrugem...


O gatão pateta não era tão pateta assim e logo aprendeu a pular o muro lateral, para ir para a casa do vizinho. Era uma casa meio vazia, nunca tinha ninguém lá, os donos dela quase não iam. Depois foi vendida, e os novos donos tinham até cachorros. Mas isso foi bem depois de o Ferrugem chegar.

Bom, quando o Ferrugem chegou, ele ainda não tinha ido ainda naquela Bruxa que corta a gente no meio das pernas... Então, ele subia na mesa que está no quintal e, de lá, pulava em cima do muro e chegava no quintal da tal casa. Passava, então, para a frente da casa e saía pela grade, que era larga. Daí ganhava o mundo!!!

Eu aprendi a fazer isso com o Ferrugem e o dono ficou maluco: toda hora ia buscar a gente na rua... Depois que o Ferrugem foi cortar lá naquele lugar (sorte dele, não foi a Bruxa não... mas doeu do mesmo jeito!), não fugiu mais. O dono resolveu levar o gatão lá porque, uma noite, o Ferrujão estava tão louco pra sair que vazou a tela contra mosquitos que tinha na janela e ganhou o mundo.... E o dono correndo atrás!

Mas eu gostei dessa brincadeira. O Ferrugem não fugia mais, mas toda vez que eu fugia o gato dedo-duro ia correndo avisar o dono: chegava perto, sentava e levantava uma pata:

- Dono, o Francisco fugiu!!!!

E os donos saíam correndo pra me procurar, morriam de medo que algum cachorro me pegasse... Imagina! Eu sempre enfrentei os cachorros da rua e espanto todos eles! Fico enorme, com o rabo bem peludo, e eles morrem de medo de mim!

Mas o dono também ficou com tanto medo que virássemos churrasquinho de gato que pôs coleira na gente, com o número do celular dele gravado:



E sempre dizia que, se ligassem pra ele dizendo que encontraram o gatinho, oferecia um boi em troca de devolverem a gente!!!

- Não se preocupe, dono, ninguém quer comer a gente não, nós somos muito duros!!!!

Bom, mas eu fugi muitas vezes. E maltratei bastante o dono. Um dia eu fugi e os donos saíram atrás de mim, na rua, chamando meu nome. Eu ouvi, claro, mas nem liguei. O dono foi na frente, chamando, e eu estava numa grama alta bem próxima do meio-fio. Então, quando o dono passou me chamando, eu abaixei a cabeça, encolhi as orelhas, e fui acompanhando o dono passar.... depois que ele passou eu levantei de novo. Mas a dona vinha logo atrás, e eu não tinha visto!!! E ela me catou, morrendo de rir do dono!

Um dia fui parar até no pagode lá da esquina - a filha da dona que me achou quando estava voltando da praia, e me trouxe de volta... Imagina se eu ia perder o pagode!!!

Mas o melhor mesmo foi fazer o dono de bobo na casa do vizinho da frente... Naquele dia já era de noitinha e eu fugi e entrei na casa desse vizinho. O portão da casa era bem fechado, mas consegui passar pelas grades. A casa estava vazia. Depois de um tempo, os donos deram pela minha falta e foram me procurar. E foi a dona que me achou lá do lado de dentro daquele portão...

Os donos começaram a me chamar e eu miei. Eles não conseguiam me alcançar e eu também não me aproximei. Estava escurecendo e os donos de repente acharam que eu não estava conseguindo me mexer... podia estar machucado. Mas eu estava mesmo era bem quietinho, só olhando ...

Os donos foram ficando apavorados e logo foram buscar uma escada. Isso porque o dono tentou abrir o portão, forçou um espaço para eu passar... mas eu não fui porque eu não queria, e não porque estava machucado. Como o dono estava aflito, resolveu escalar o portão: apoiou a escada, subiu, passou para o outro lado, apoiou a escada, desceu... torcendo pro vizinho não ter alarme e ele acabar preso por invasão de domicílio!

Só que, quando vi que o dono ia pular pra dentro da casa, corri lá pro fundo e me escondi. A casa era solta no terreno, então eu podia andar em volta dela. Assim, o dono foi atrás de mim, eu passei pelo fundo da casa, voltei pra frente pelo outro lado, cheguei bem pertinho da curva para o fundo, me abaixei todo e fiquei lá da frente olhando o dono...

Quando ele chegou lá no fundo, a dona me viu e gritou para o dono que eu estava na frente. O dono virou e começou a voltar pra me pegar... Adivinha o que eu fiz? Corri pro fundo, pelo outro lado, é claro!!! Daí quando o dono chegou na frente, eu estava lá no fundo, bem na esquininha, todo abaixadinho... olhando...

Daí a dona, lá da rua, gritou pro dono que eu estava lá no fundo.... E quando o dono foi me buscar, corri para a frente pelo outro lado! Bom, já tinha escurecido, e fiquei nessa de fazer o dono de bobo, só dando risada.... A dona, lá pelo lado de fora, já tinha percebido isso, e desatou a rir!!! O dono ficou louco da vida e ralhou com a dona:

- Está me fazendo de palhaço?

Daí a dona riu mais ainda:

- Eu não! O Francisco é que está!!!!

Bom, quando eu me cansei de brincar disso, vim correndo em direção ao portão, passei pela fresta e entrei correndo na nossa casa.

O dono pulou de volta o portão: subiu a escada, passou para o outro lado, passou a escada pra fora, desceu a escada, ralou-se todo e tudo isso. E foi correndo pra casa ralhar comigo. Daí sabe o que eu fiz? O que sempre faço depois que apronto: me joguei no chão com as quatro patas pra cima, bem bonitinho... e o dono não conseguiu brigar comigo!


Foi muito divertido! Esse dono me adora!!! Tanto que, depois, comprou a casa do vizinho, só para mim, e hoje eu posso brincar nas duas casas e nos dois jardins!! Claro, a grade da frente foi trocada.



Mas não acabou aí não... eu sempre encontro um jeito novo de fazer ele pagar pelo susto que me deu...

Depois eu conto mais. Xau!





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