terça-feira, 31 de julho de 2012

Meu Segundo (e último, espero...) Irmãozinho



Quando eu já tinha me acostumado com o Ferrugem e acreditado no que o dono dissera quando ele chegou – que ia ter carinho e comida pra todo mundo –, surpresa: o dono trouxe mais um gato!

Aconteceu assim: um dia a dona entrou em casa na hora do almoço, no maior agito. Eu tratei de avisar:

- Dona, só pra lembrar, eu não vou mudar, tá?

Mas a dona nem ligou pra mim. Pegou uma mala, juntou algumas roupas, tudo muito rápido. Aí fiquei todo feliz, achando que íamos pra praia...

Só que a dona não pegou as nossas coisas e, quando olhei bem, vi que ela estava triste. Passou a mão na nossa cabeça e saiu levando aquela mala.

Eu e o Ferrugem ficamos quietos, tentando entender o que aconteceu. O dono que explicou, quando chegou do trabalho. Disse que a dona ia ficar uns dias fora e que ele ia cuidar da gente. E que a dona estava triste e nervosa porque titia, que estava em férias no Rio de Janeiro, tinha tido um problema sério de saúde e a dona teve de correr pra lá para ajudar.

Nós não entendemos bem qual era o problema, mas se a dona estava triste, ficamos tristes também.

Durante os dias seguintes, acho que foram uns dez dias, ficamos esperando a dona e dormimos agarradinhos com o dono. Víamos o dono conversar com a dona pelo telefone e ao que parecia tudo estava sendo resolvido.

Finalmente, um dia o dono falou que ia buscar a dona no aeroporto. E trouxe mesmo ela pra casa. Ela estava super cansada, mancando por causa de uma dor na perna, triste.

O dono abraçou bastante a dona e nós tratamos de ficar bem pertinho dela. O dono ficou com muita peninha dela e lembrou que, nos últimos quatro anos em que já estávamos lá, eu e o Ferrugem, a dona sempre quis ter mais um gatinho, para chamar de seu. Daí resolveu que ela ia ganhar esse gatinho.

- Não, dono! Nós aceitamos adotar a dona! Ela é nossa e não precisa de outro gatinho para adotá-la!

Achávamos que o dono tinha entendido isso. Mas ele foi com a dona comprar nossa ração naquele pet shop que ele sempre vai.... e voltou trazendo um gato!!!!! Não acreditamos!!!

Ele colocou a caixa de transporte no chão e saiu lá de dentro uma figura... O cara era pequeno, branco com as extremidades escuras, olhos azuis, rabo todo torto (horrível) e totalmente vesgo!



O pirralho foi batizado pela dona de Frederico. Mas o dono disse que ele tinha de se chamar Magoo, porque era muito vesgo. Então ficou Frederico Magoo. E a dona chama ele de ...

Gutti Gutti (ridículo!)

- Donos, pra que vocês trouxeram isso pra cá???? Bicho horrível!!! Nós vamos bater nele!!

Mas o Ferrugem, pastel que é, não me ajudou a quebrar a cara do cara. Ficou só olhando e encostando a pata nele. Eu, é claro, parti pra cima dele.

Só que o tal gato era uma peste! Nem ligou pros meus tabefes, pensou que eu estava brincando e abriu aquelas garras de alfinete, me espetou todo... O danado mordia, corria atrás de mim, um capeta!!! Pulou logo no jardim do terraço, subiu em tudo que é planta que tem lá... E o Ferrugem tentando educar:

- Deixa a pimenta do dono aí...

(Na verdade, o Ferrugem adotou ele, e ele pensa que o Ferrugem é pai dele).

O dono não podia parar quieto que ele escalava suas calças com aquelas unhas de alfinete, subia no pescoço, mordia a orelha dele.... Caramba!!

Então o dono, quando ia se sentar à mesa pra comer, levava um monte de quinquilharias para distrair o tal peste: bolinha de papel, ratinho, brinquedinho... Assim, quando ele ameaçava escalar a perna do dono, ele jogava uma coisa dessas pra ele brincar, e ele saía correndo atrás. E dali a pouco voltava......

Na primeira noite, a dona não tinha levado ele ainda ao veterinário. Então, não queria que o cara dormisse na cama. Colocou um iglu para ele do lado da cama, mas o chato não ficava lá de jeito nenhum! A dona tirou o Magoo do pescoço do dono 3.897 vezes... até que desistiu e colocou todo mundo pra fora do quarto!!!

Fiquei louco da vida!!! E os donos derretidos na manhã seguinte, porque quando levantaram encontraram ele sentado dentro do iglu, esperando autorização para sair lá de dentro.... Bobão!!!

A dona chamou o veterinário (o tio Fada), que disse sabe o que? QUE ELE É SIAMÊS!!!! Imagina se ele é bonito que nem o Mel, o gato marrom!!!  Olha só a diferença!!



Ficou apaixonado por ele e também disse que ele não enxergava direito, mas que estava tudo bem. (Acho que o tio Fada é que não enxerga direito...).

Bom, eu teria de aturar esse cara também... Tentei mostrar para ele que eu é que mando aqui, mas o cara é muito chato, insuportável. Quando estou quietinho dormindo no meu iglu, ele sobe em cima porque quer o meu lugar. Se eu vou para uma almofada, ele corre lá e me morde pra eu sair....


Não tenho sossego em lugar nenhum e esse gato é muito folgado!!! Dá uma olhada no jeito que o cara dorme!!!




Desisti, então de mandar nele, pois nem a dona ele deixa em paz – morde a canela dela quando ela não dá atenção a ele, como quem diz: “Dona, acaba logo de escovar os dentes e me pega no colo... sai logo do telefone e passa a mão em mim...”

Com o Ferrugem, então, também não tem trégua: o tal peste cismou que ele não pode comer e, a cada vez que o Ferrugem vai em direção ao pote de comida, ele corre e pula em cima das costas dele. Daí o Ferrugem tem de deitar no chão da cozinha e esperar ele se distrair, para daí tentar de novo chegar ao pote... Se consegue, o cara pendura na orelha dele e puxa... faz o Ferrugem chorar. Até que o Ferrugem perde a paciência e mete uma patada nele!

Aqui em casa ficou, então, assim: cada gato manda em algum gato e é mandado por outro gato. 

O Ferrugem enche o cara de pancada, só por ciúmes, mas morre de medo de mim.

Eu ponho medo no Ferrugem, mas não suporto o tal Magoo, que não me dá sossego.

E o Magoo é uma peste comigo, mas obedece ao Ferrugem.

O tal gatinho cresceu um pouquinho só (o dono fala que é o mini-gato) e escureceu. Ficou menos vesgo, mas continua metido: diz que é o único que tem o cabelo e o olho da mesma cor do dono (ai, se eu pego esse cara...).



De vez em quando, porém, ficamos bem amigos e brincamos de correr pela casa e de fazer luta...

 E até dormimos juntos!!

 

Então, tudo bem. Tô engolindo esse cara também, mas não quero mais nenhum irmão, viu dono?

Ah, já ia me esquecendo: o dono falou a verdade. Tem comida e carinho pra todo mundo. Oba!!!!!!!!!!!!!



sábado, 28 de julho de 2012

A Dona Veio Morar Aqui!

Logo que adotei o dono, éramos somente eu e ele. Foi quando fomos morar naquele apartamento que tinha vizinhos silenciosos, e depois mudamos para o outro maior... - eu já contei isso.
No primeiro apartamento, eu era bem pequeno e o dono, adotado de primeira viagem, não me deu nenhum brinquedo!!!  Então, eu passava o dia todo procurando o que fazer, olhando os gatos lá embaixo, correndo pela casa, encontrando novos lugares para dormir...
De vez em quando vinha uma moça  meio doida, arrastava as coisas do dono, mexia em tudo, lavava a roupa, passava a roupa, fazia a maior bagunça. Mas eu não gostava dela, porque ela nem olhava pra mim, não brincava comigo e, além disso, ela ficava mexendo nas cuecas do dono! Eu contei isso pra ele, mas ele não acreditou!!
Noutras vezes ele mesmo lavava as roupas. Dizia pra mim:
- Francisco, sabe como lavar meias? Vou te mostrar.
E ele calçava as meias na torneira do tanque e abria no máximo... Por isso as meias do dono eram tão compridas!
Quando o dono chegava em casa no fim do dia eu já estava entediado e cansado de esperar... Mas daí eu descontava: bastava o barulho do elevador e, quando o dono abria a porta, eu voava nele... subia no seu pescoço... depois  me escondia em todo canto e saltava na cintura dele...
Quando ele se sentava no sofá, eu voava para o colo... Agarrava o braço dele e fazia “chuta e morde”... Fingia que o dono é a minha presa, que eu ia rasgar... Era muito divertido, mas acho que o dono tinha medo de mim!!!
Às vezes o dono não ficava em casa. Chegava e logo saía, e eu ficava chateado, esperando, de novo!  Ele ia pra casa da dona, namorar, e de vez em quando me levava junto, daí eu podia perturbar o gato preto e o gato marrom!
Mas outras vezes ele saía de casa quando a dona estava viajando a trabalho... A dona trabalhava muito e tinha de viajar, mas o dono não gostava disso não!!  Só que ele sempre dizia que era segredo nosso, que não podia contar pra dona... 
- Dono, eu não contei, viu? Mas passa no caixa depois, tá?

Logo depois que a gente mudou, veio o Ferrugem, o meu irmãozinho, que eu também já contei. Então pelo menos eu não ficava sozinho esperando o dono, tinha a companhia do Ferrugem e ficava tentando trucidar ele... E quando o dono chegava, éramos eu e o Ferrugem tentando trucidar o dono!
Um dia o dono acordou no maior agito, andando pra todo lado, e eu tratei logo de avisar:
- Esquece, dono! Eu não vou mudar!!!
Mas o dono nem ligou pra mim. Chegou uma visita, ele logo mandou essa visita embora, pegou uma sacola e um cabide e avisou que ia sair e demorar um pouco. Eu e o Ferrugem não entendemos porque ele ia sair em pleno sábado e ia demorar...
Voltou só tarde da noite.
Como sempre, eu e o Ferrugem corremos pra perto da porta logo que ouvimos o elevador parar. O dono abriu a porta e a dona estava com ele. Só que a dona usava uma roupa muito esquisita!!! Toda branca, parecendo uma boneca!!! E o dono estava com uma roupa diferente da que saiu!!!


Eu não entendi nada! O Ferrugem ficou olhando a dona de cima a baixo, várias vezes, desconfiado, e por via das dúvidas achou melhor sair correndo e se esconder... Eu fiquei na minha tentando entender isso...
O dono carregou a dona no colo pra dentro de casa, e eu entendi menos ainda, pois ela não estava doente nem machucada... Depois o dono explicou que a dona ia morar conosco porque eles tinham casado.
- Poxa, dono! E nós não fomos convidados pra festa??? Por quê???
Era verdade, a dona trouxe as coisas dela e tudo. Por isso que a toda hora entregavam pacotes lá em casa, e eu adorei, pois todas as caixas eram minhas.
A partir daí as coisas mudaram um pouco aqui em casa.
Pra começar, ficou proibido lavar as meias do jeito que o dono lavava. Depois, o dono não podia mais pendurar uma camisa num armário, outra no outro, mais outra no outro... Nem colocar as calças do pijama numa gaveta e as blusas no outro quarto... Muito menos espalhar cuecas e meias por todos os armários da casa.
Enfim, a dona colocou ordem naquela bagunça, ninguém mais pode remexer nas cuecas dele, nem ele pode ter daqueles segredinhos comigo... 

E assim tudo está até hoje.
Mas o melhor dessa história toda é que não precisamos mais ficar para fora do quarto durante a noite, esperando o dono abrir a porta depois de acordar... Agora a cama é nossa e deixamos um pedacinho para o dono!
Porque agora podemos dormir onde quisermos!



terça-feira, 24 de julho de 2012

Meu Primeiro Irmãozinho

 
Eu já estava acostumado com a nova casa e tudo já tinha entrado nos eixos.

Parte dos móveis que o dono tinha foi para o lixo, porque justo no dia da mudança caiu a maior chuva!!

Mas eu já tinha um novo sofá e já avisara o dono que ele era só meu, mas eu ia ser bonzinho e deixar ele sentar de vez em quando – desde que eu pudesse ficar no colo todo o tempo.

Então nossa casa já estava bem legal, quando um dia o dono chegou do trabalho e começou a mexer nos armários, abrir portas, cobrir mantimentos, recolher os lençóis e as toalhas....

- Ah, não! Mudança de novo não, dessa casa eu não saio mais!

Tocou o interfone e aconteceu a maior festa! Entrou um moço carregando um monte de coisas, tipo uma mochila nas costas e - caramba! - o cara começou a esguichar uma água em todo o canto, dentro dos armários, molhou o chão inteiro!

Bom, achei essa brincadeira do dono “maior legal” e tratei de inspecionar a mala do moço e correr pra lá e pra cá... Tudo estava molhado e escorregando e aquela água tinha um cheiro bem diferente... Resolvi experimentar em vários lugares e lambi aqui, lambi ali..... Super dez!!

Mas o dono ficou bravo, começou a correr atrás de mim e a gritar que não era pra eu lamber isso, que era veneno para matar outros bichinhos, não para matar o gatinho....

- Ué! Mas por que matar as minhas caças... Eu adoro caçar bichinhos!!!

A coisa foi ficando feia, o dono me pegava no colo, mas quando me largava eu corria de novo, daí quando eu estava lambendo o tal veneno ele corria de novo atrás de mim... e aquele homem lá fazendo uma nuvem de fumaça....

Lá pelas tantas aquela moça, a namorada do dono que me encontrou, telefonou e o dono, assim que desligou o telefone, colocou o moço da "festa" pra fora, pegou uma sacola com roupas e me colocou na minha caixa. E lá fomos nós, dormir na casa da dona. Eu fiquei feliz porque brinquei (ou melhor, perturbei) com o gato preto e o gato marrom.

No dia seguinte, quando acordamos, a dona resolveu que tínhamos de ir ao pet shop, - aquele onde eu estava esperando o dono me buscar - pra comprar novos ratinhos pra mim, porque o tal moço do veneno, é claro, matou todos afogados! E foi lá que encontramos o meu primeiro irmãozinho...

Assim que entramos, a moça mostrou para o dono um gatinho cor de laranja e de olhos azuis. 


Cara, é que eu não vi logo que entrei, só quando estávamos no carro, senão eu já tinha logo dado uns tapas nele. Ridículo, ele estava de gravata de bolinhas!!!!

Mas o dono, o "alemão paraguaio", pegou esse cara e encostou no peito... daí resolveu levar pra casa. Só quando vi que ele estava no carro, no colo da dona, é que entendi que ele ia conosco.... E não gostei nada nada disso:

- RRRRRRRRRRRRRRRRRRRuuuuummmmmmm! FIIIIIIIIIzzzzzzzz!

Mas o tal bicho nem ligava pra mim... Fiquei muito bravo!

Chegamos em casa e o cara foi colocado no chão, perto de mim. Parti logo pra cima dele:

- Olha o tamanho dessa figura, o que ele pensa que vai fazer com meu dono...

Mas o dono não deixou eu partir o focinho dele... Tratou logo de me pegar no colo e me agradar:

- Francisco, não fica tão bravo, é só um gatinho....

- RRRRRRRRRRuuuuummmmmmmmmmm!

- Francisco, o dono gosta de todo mundo e vai ter comida e carinho pra todo mundo...

- FFFFFFFFFFiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitzzzzzzzzzzzzz!

- Há há há....

Imagina só que aquele atrevido foi logo devorando um pote inteiro de ração (morto de fome!) e usou a minha areia!!! Ah, não deixei barato. Assim que consegui me desvencilhar do dono, enchi o cara de tabefes! Mas eu fiquei ainda mais bravo porque ele nem ligou, só abaixou as orelhas.......

Bom, pus na minha cabeça que ia mostrar todos os dias quem é que manda aqui em casa... E assim eu fiz. No primeiro dia que fiquei sozinho com ele enquanto o dono trabalhava, ele arrumou um jeito de se esconder de mim dentro de uma fresta entre o armário e a parede. Quando o dono chegou do trabalho, ficou louco procurando, mas eu também não contei onde ele se escondeu.. o dono teve que encontrar sozinho....

Assim foi por algum tempo, até que um dia o meu irmãozinho falou:

- Tá bom, você manda aqui.

Daí eu aceitei e desisti de matar ele, e o dono nos encontrou dormindo abraçados...



No fim das contas, vi que o Ferrugem era gente boa, somente um gatinho pequeno, perdido e sendo mal tratado pelas crianças, que precisava de uma casa e um dono, como eu. 



(O dono queria chamá-lo de Huguinho, mas a dona não deixou... disse que tinha de ser Ferrugem...).

Aceitei dividir minhas coisas, desde que ele me obedeça quando eu quiser – e até hoje às vezes gosto de intimidá-lo... 



Mas confesso que não imaginei que ele ficaria tão grande... tem mais ou menos 12 quilos, é forte pra caramba e me derruba com uma patada só... Ainda bem que me impus no começo, senão estaria hoje em maus lençóis...



É isso aí, me irmão Ferrugem é dois meses mais novo que eu, somos os queridinhos do dono.

Juntos aprendemos muitas coisas e vivemos aventuras. Depois eu conto!!


domingo, 22 de julho de 2012

A Bruxa Má

Estava eu feliz, alegre e contente, com a alma em festa e o coração a gargalhar, brincando pela casa, quando o dono me pegou e me colocou na caixinha de transporte.

Logo pensei que íamos para a praia, mas ... não vi o dono colocar as coisas no carro, nem buscar a dona, que na época ainda não morava com a gente.

Bom, resolvi resmungar, e o dono deixou eu ir solto no carro. Ele é bonzinho, sempre deixa eu ir no banco... Mas eu também sou bonzinho, fico bem quietinho.

Chegamos em algum lugar e o dono me colocou de novo na caixa.

- Miau!!! Onde raio nós estamos indo? E por que a dona não veio também?

O dono tocou a campainha e lá veio uma mulher atender. Mexeu comigo e, quando abriram a caixa, eu estava numa mesa muito esquisita.

Ela começou a me apertar todo e daí eu me lembrei que lá na loja onde eu estava quando adotei o dono, também tinha um sujeito que me apertou, deu injeção e fez umas outras coisas de que não gostei...

- Sim, é isso! Estamos no veterinário! – pensei.

Miei para o dono porque não entendi nadica!! Eu não estava sentindo nada... Minhas patinhas estavam em ordem, não doía em lugar nenhum, meus ouvidos estavam perfeitos, meus olhinhos muito acesos, não estava com febre e meu apetite estava bom. Por que raios o dono me trouxe aqui???

Aperta daqui, aperta dali, e eu resolvi só suportar tudo aquilo, porque sei que acaba mais rápido se eu deixo examinarem logo tudo. Porém, não gostei nada nada da tal doutora: ela ficou um tempão apertando sabe onde??? Lá mesmo. Maldosa!!

Quando eu pensei que tudo tinha acabado e me preparei para entrar na minha caixa... surpresa!!!.

- Ei, doninho! Você me esqueceu aqui!!! Quero ir com você!!! Ei, me pega, me pega, miauuuuuuu!!!

O DONO FOI EMBORA SEM MIM!!! Fiquei tão magoado... como o dono pode me esquecer??? Miau, miau, miau.

Rosnei para a doutora quando ela veio me pegar de novo, mais tarde. Não queria saber de ninguém, só do meu dono. Era dia do aniversário dele e eu queria estar na festa, e ponto final.

Mas aquela chata insistia em mexer comigo: puxa daqui, aperta dali, chamou até um troglodita pra ajudar a me segurar. Lutei o quanto pude, pois não queria que ninguém me pegasse, mas ela sapecou uma injeção no meu pandeiro e me deu um soninho....

Acordei não sei quanto tempo depois, tonto e todo enjoado. O dono não tinha voltado ainda e ...... miau... ai!!! Estava doendo em algum lugar... Adivinhe aonde???? LÁ MESMO!!!

AQUELA BRUXA DAQUELA DOUTORA ME MACHUCOU BEM NO MEIO DAS PERNAS!!! Que será que ela aprontou??? Tá doida???

Me deram um remédio bem amargo algumas vezes, mas nada do dono chegar. Anoiteceu, e eu só pensava na festa de aniversário do dono: por que ele fez isso comigo???

Meu doninho só apareceu mesmo pela manhã. Ouvi o carro chegando e ... MIAUUUUUUUUUUUUUUUUU... me pus a chamar bem forte:

- Dono!!!!!!!! Me tira daqui!!!!!!

A dona estava com ele. Quando abriram a porta, corri logo para o colo e contei:

- Bate nessa bruxa, dono!!!!!!!!!! Olha só o que ela fez comigo... me machucou no meio das pernas.....

A dona me agradou um tanto enquanto o dono pagava a conta (Raios, ela ainda cobrou pra fazer isso comigo!!!). Quando me puseram na caixa, pus-me a gritar novamente: não queria que me deixassem lá de novo, de jeito nenhum!

- MIAUUUUUUUUU!!! Eu arrebento tudo aqui, mas não fico!

Mas dessa vez me levaram embora. A festa, é claro, já tinha acabado. Mas confesso que eu não estava disposto pra festa não. Tinha muito sono e tudo o que queria era dormir na minha casinha. Comi minha ração, usei minha areia (aiiii... isso doeu) e dormi até o dia seguinte.

Só depois fui entender que me castraram. Pelo que entendi da conversa da dona, é para eu não fugir na casa de praia, atrás das gatinhas. E de fato eu agora não tenho a menor vontade de entrar na disputa pelas gatinhas do pedaço... prefiro o colo do meu dono.

A dor logo passou, mas muito depois descobrimos que a bruxa má tinha deixado um pedaço de linha dentro de mim, que um bom tempo depois caiu sozinho.

Mas o dono acabou concordando comigo que a doutora era bruxa, e má. Deu o braço a torcer quando peguei uma alergia perto da orelha e ela mandou passar em mim um remédio feito na farmácia. Só que o tal remédio doía muito, queimava e eu saía correndo que nem um louco, abaixava minhas orelhas para trás, chorava de sair lágrimas dos olhos e ficava um tempão olhando o dono de lado... E o dono chorava junto!

Sabe o que tinha acontecido? O TAL REMÉDIO ERA PRA CAVALO!!!!

Bem, o dono ligou que nem um doido pra doutora bruxa má e perguntou, irritado, se ela sabia o que estava fazendo.

- Claro que não, eu não sou cavalo! – logo respondi.

Sei lá o que rolou nessa conversa. Só sei que o dono falou um monte para a bruxa má e depois eu o ouvi dizer para a dona que ela estava bêbada! Bingo! Ele concordou comigo: era uma bruxa má, que me maltratou, e ponto final.

Depois fomos a outro veterinário, que me desenganou e o dono quase morreu de tristeza enquanto esperava o resultado de um tal exame de sangue, que doeu pra burro pra fazer. Quando o resultado chegou dizendo que eu não tinha nada, daí quem quase morreu foi o tal veterinário – só que era o dono que queria matar ele!!

Bom, acabamos descobrindo, com um outro veterinário – esse é fada, e não bruxa – que o que eu tinha era só essa alergia, de algum matinho em que encostei na casa da praia. Passamos uma pomadinha e eu fiquei inteirinho de novo.

Sofri pra caramba com isso tudo, mas a história toda valeu muito porque mostrou o quanto dono me adora...

Definitivamente, ele não vive sem mim!!!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Adoção

Já fazia alguns dias que estávamos todos lá, naquela gaiolinha, eu, a mamãe e meus irmãozinhos. Estava bom, pois tinha água e ração, mas eu ainda gostava de mamar um pouquinho, assim como meus irmãos.

Daí de repente abriram a gaiolinha e ... levaram a mamãe! Berrei logo: não demora, mamãe, que logo logo eu vou querer mamar....

Mas o tempo foi passando, passando e... cadê a mamãe, que não volta?

Pois é. A mamãe não voltou, e aquilo lá ficou uma miadeira só. Miau pra cá, miau prá lá, até que a gente acabou esquecendo...

Passamos vários dias assim, brincando uns com os outros. Aprendi a comer e a me cuidar sem a mamãe.

De quando em quando alguém chegava perto da nossa gaiolinha e dizia um monte de coisinhas incompreensíveis, fazendo biquinho e mexendo com a gente. E a gente sempre pensava que ia sair dali... fazia a maior cara de coitadinho...

Mas tão rápido quanto aparecia alguém, também desaparecia. E nós só ficamos esperando, doidos para sair dali.

Um dia eu acordei com o sol batendo na gaiola e percebi que um dos meus irmãozinhos não estava mais lá. Acho que ele foi levado por alguém.... Daí eu resolvi que eu também queria adotar um dono!!! E que daquele dia não passava...

A loja nem estava aberta ainda, mas lá da gaiola eu vi uma moça encostar na grade e perguntar para os caras que cuidavam da gente se o gatinho amarelo era macho ou fêmea... Pô, não tá vendo que eu sou macho???  Fiquei só olhando, prestando atenção no que ela ia fazer...

Mas ela foi embora e eu voltei a me entreter com os meus irmãozinhos. Gostava muito de fazer luta com eles...

Quando já era de tarde, apareceu um cara enorme, loiro, alto e de olhos azuis. Pelo que percebi de sua entrada na loja, ele faz o maior sucesso com as garotas! Mas nem ligou pra elas. Veio direto na minha direção... e eu nem tive dúvida: era esse dono que eu queria adotar. Corri para a beirada da gaiola e logo estiquei a pata pra ele, que já foi pegando e conversando comigo.

Caprichei na cara de coitadinho e ele pediu pra me pegar no colo... Pronto! Estava feito. Como ele era legal e me agradava!!! Bom, foi nesse dia que eu o adotei, pois ele precisava muito de um gato. Fui logo batizado de Francisco.
Apareceu uma caixa pra eu entrar, um pacote de ração, um saco de areia, potes, banheirinho, etc. E lá fui eu, todo contente, levando o meu dono pra.... casa da tal moça que vi de manhã!!!

Lá tinha dois gatos grandes. Um marrom, meio de raça, acho que de pai siamês, um pouco metido, nem chegou perto de mim. Era meio mal humorado, o Mel.



E outro como eu, da rua mesmo, só que preto e com rabo bem fino, gente boa, que foi logo se aproximando para ver quem estava na caixa e eu tratei logo de acertar o nariz dele... mas só pra fazer amizade... Esse era o Otto.



Me deixaram passear um pouco e voltei para a caixa. Daí percebi que aquela não era minha casa. Fui parar numa casa com bastante jardim em volta e com barulho de mar. Acho que era na praia.

Logo me adaptei, mas isso também não durou mais que dois dias: lá estava eu de novo na caixa, indo pra onde agora? Ah, pra outra casa. Essa era um apartamento com uma sacadinha da qual eu podia ver uma grama bem grande e uma porção de placas de cimento em cima... Ouvi uma vez o dono dizer que aqueles vizinhos não faziam barulho nunca... Por que será?

Tinha que tomar maior cuidado, porque não tinha tela nenhuma, eu podia cair. Tinha alguns gatos lá embaixo, mas eu não podia alcançá-los – e, para falar a verdade, nem queria, preferia ficar lá em cima no meu conforto mesmo. Acabei me adaptando muito bem, mas.....

Putz! Chegou um dia que o dono estava no maior agito!! Chegou com um amigo e começou a carregar tudo que tinha em volta!!!

- Meu sofá!!! Onde vai levar o meu sofá???? Ei!!! Onde vou dormir???

Caramba, em uma hora eu estava sozinho ali, sem mais nenhum lugar pra deitar. Só eu, meus potinhos e minha caixinha de areia. O que deu na cabeça desse dono? Ele é louco? E por que me deixou aqui sozinho e sem nada????

Nem sei quanto tempo se passou. Eu não queria comer, nem dormir, nem usar a caixinha. Só tinha medo que o dono tivesse ido embora e tivesse me deixado lá sozinho... até que... ele voltou!!!!!

E veja só... só para me buscar! Viu como sou importante pra ele? Levou-me para outra casa, onde já estavam todas as coisas que ele carregara com seu amigo. Era um apartamento ainda maior, com uma sacada bem maior. Tinha bastante lugar pra eu correr e brincar. Passei um tempão para conhecer tudo. E a-do-rei!!!

Bom, essa casa é onde eu moro hoje. (Ufa, cheguei a pensar que o dono era nômade...) Estou aqui com o dono que eu adotei, e ele terminou trazendo pra cá também a dona, aquela moça que me viu na loja, que também estava precisando ser adotada. Como eu sou bonzinho, também a adotei.

Estou muito feliz aqui. Eles pensam que são meus donos. Mas na verdade eu é que sou dono deles... E às vezes eles me dão um pouco de trabalho.... Mas isso é assunto pra uma outra hora...




Olá

Sou o gato Francisco. Ou, se preferir,  


Fitikito!



Estou aqui porque sou um gato escritor!

(É o que a dona diz...)

 Eu só gosto de contar a vida...



Seja bem vindo à



Vida de Gato

                                                    (por Francisco)