terça-feira, 24 de julho de 2012

Meu Primeiro Irmãozinho

 
Eu já estava acostumado com a nova casa e tudo já tinha entrado nos eixos.

Parte dos móveis que o dono tinha foi para o lixo, porque justo no dia da mudança caiu a maior chuva!!

Mas eu já tinha um novo sofá e já avisara o dono que ele era só meu, mas eu ia ser bonzinho e deixar ele sentar de vez em quando – desde que eu pudesse ficar no colo todo o tempo.

Então nossa casa já estava bem legal, quando um dia o dono chegou do trabalho e começou a mexer nos armários, abrir portas, cobrir mantimentos, recolher os lençóis e as toalhas....

- Ah, não! Mudança de novo não, dessa casa eu não saio mais!

Tocou o interfone e aconteceu a maior festa! Entrou um moço carregando um monte de coisas, tipo uma mochila nas costas e - caramba! - o cara começou a esguichar uma água em todo o canto, dentro dos armários, molhou o chão inteiro!

Bom, achei essa brincadeira do dono “maior legal” e tratei de inspecionar a mala do moço e correr pra lá e pra cá... Tudo estava molhado e escorregando e aquela água tinha um cheiro bem diferente... Resolvi experimentar em vários lugares e lambi aqui, lambi ali..... Super dez!!

Mas o dono ficou bravo, começou a correr atrás de mim e a gritar que não era pra eu lamber isso, que era veneno para matar outros bichinhos, não para matar o gatinho....

- Ué! Mas por que matar as minhas caças... Eu adoro caçar bichinhos!!!

A coisa foi ficando feia, o dono me pegava no colo, mas quando me largava eu corria de novo, daí quando eu estava lambendo o tal veneno ele corria de novo atrás de mim... e aquele homem lá fazendo uma nuvem de fumaça....

Lá pelas tantas aquela moça, a namorada do dono que me encontrou, telefonou e o dono, assim que desligou o telefone, colocou o moço da "festa" pra fora, pegou uma sacola com roupas e me colocou na minha caixa. E lá fomos nós, dormir na casa da dona. Eu fiquei feliz porque brinquei (ou melhor, perturbei) com o gato preto e o gato marrom.

No dia seguinte, quando acordamos, a dona resolveu que tínhamos de ir ao pet shop, - aquele onde eu estava esperando o dono me buscar - pra comprar novos ratinhos pra mim, porque o tal moço do veneno, é claro, matou todos afogados! E foi lá que encontramos o meu primeiro irmãozinho...

Assim que entramos, a moça mostrou para o dono um gatinho cor de laranja e de olhos azuis. 


Cara, é que eu não vi logo que entrei, só quando estávamos no carro, senão eu já tinha logo dado uns tapas nele. Ridículo, ele estava de gravata de bolinhas!!!!

Mas o dono, o "alemão paraguaio", pegou esse cara e encostou no peito... daí resolveu levar pra casa. Só quando vi que ele estava no carro, no colo da dona, é que entendi que ele ia conosco.... E não gostei nada nada disso:

- RRRRRRRRRRRRRRRRRRRuuuuummmmmmm! FIIIIIIIIIzzzzzzzz!

Mas o tal bicho nem ligava pra mim... Fiquei muito bravo!

Chegamos em casa e o cara foi colocado no chão, perto de mim. Parti logo pra cima dele:

- Olha o tamanho dessa figura, o que ele pensa que vai fazer com meu dono...

Mas o dono não deixou eu partir o focinho dele... Tratou logo de me pegar no colo e me agradar:

- Francisco, não fica tão bravo, é só um gatinho....

- RRRRRRRRRRuuuuummmmmmmmmmm!

- Francisco, o dono gosta de todo mundo e vai ter comida e carinho pra todo mundo...

- FFFFFFFFFFiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitzzzzzzzzzzzzz!

- Há há há....

Imagina só que aquele atrevido foi logo devorando um pote inteiro de ração (morto de fome!) e usou a minha areia!!! Ah, não deixei barato. Assim que consegui me desvencilhar do dono, enchi o cara de tabefes! Mas eu fiquei ainda mais bravo porque ele nem ligou, só abaixou as orelhas.......

Bom, pus na minha cabeça que ia mostrar todos os dias quem é que manda aqui em casa... E assim eu fiz. No primeiro dia que fiquei sozinho com ele enquanto o dono trabalhava, ele arrumou um jeito de se esconder de mim dentro de uma fresta entre o armário e a parede. Quando o dono chegou do trabalho, ficou louco procurando, mas eu também não contei onde ele se escondeu.. o dono teve que encontrar sozinho....

Assim foi por algum tempo, até que um dia o meu irmãozinho falou:

- Tá bom, você manda aqui.

Daí eu aceitei e desisti de matar ele, e o dono nos encontrou dormindo abraçados...



No fim das contas, vi que o Ferrugem era gente boa, somente um gatinho pequeno, perdido e sendo mal tratado pelas crianças, que precisava de uma casa e um dono, como eu. 



(O dono queria chamá-lo de Huguinho, mas a dona não deixou... disse que tinha de ser Ferrugem...).

Aceitei dividir minhas coisas, desde que ele me obedeça quando eu quiser – e até hoje às vezes gosto de intimidá-lo... 



Mas confesso que não imaginei que ele ficaria tão grande... tem mais ou menos 12 quilos, é forte pra caramba e me derruba com uma patada só... Ainda bem que me impus no começo, senão estaria hoje em maus lençóis...



É isso aí, me irmão Ferrugem é dois meses mais novo que eu, somos os queridinhos do dono.

Juntos aprendemos muitas coisas e vivemos aventuras. Depois eu conto!!


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