sábado, 28 de julho de 2012

A Dona Veio Morar Aqui!

Logo que adotei o dono, éramos somente eu e ele. Foi quando fomos morar naquele apartamento que tinha vizinhos silenciosos, e depois mudamos para o outro maior... - eu já contei isso.
No primeiro apartamento, eu era bem pequeno e o dono, adotado de primeira viagem, não me deu nenhum brinquedo!!!  Então, eu passava o dia todo procurando o que fazer, olhando os gatos lá embaixo, correndo pela casa, encontrando novos lugares para dormir...
De vez em quando vinha uma moça  meio doida, arrastava as coisas do dono, mexia em tudo, lavava a roupa, passava a roupa, fazia a maior bagunça. Mas eu não gostava dela, porque ela nem olhava pra mim, não brincava comigo e, além disso, ela ficava mexendo nas cuecas do dono! Eu contei isso pra ele, mas ele não acreditou!!
Noutras vezes ele mesmo lavava as roupas. Dizia pra mim:
- Francisco, sabe como lavar meias? Vou te mostrar.
E ele calçava as meias na torneira do tanque e abria no máximo... Por isso as meias do dono eram tão compridas!
Quando o dono chegava em casa no fim do dia eu já estava entediado e cansado de esperar... Mas daí eu descontava: bastava o barulho do elevador e, quando o dono abria a porta, eu voava nele... subia no seu pescoço... depois  me escondia em todo canto e saltava na cintura dele...
Quando ele se sentava no sofá, eu voava para o colo... Agarrava o braço dele e fazia “chuta e morde”... Fingia que o dono é a minha presa, que eu ia rasgar... Era muito divertido, mas acho que o dono tinha medo de mim!!!
Às vezes o dono não ficava em casa. Chegava e logo saía, e eu ficava chateado, esperando, de novo!  Ele ia pra casa da dona, namorar, e de vez em quando me levava junto, daí eu podia perturbar o gato preto e o gato marrom!
Mas outras vezes ele saía de casa quando a dona estava viajando a trabalho... A dona trabalhava muito e tinha de viajar, mas o dono não gostava disso não!!  Só que ele sempre dizia que era segredo nosso, que não podia contar pra dona... 
- Dono, eu não contei, viu? Mas passa no caixa depois, tá?

Logo depois que a gente mudou, veio o Ferrugem, o meu irmãozinho, que eu também já contei. Então pelo menos eu não ficava sozinho esperando o dono, tinha a companhia do Ferrugem e ficava tentando trucidar ele... E quando o dono chegava, éramos eu e o Ferrugem tentando trucidar o dono!
Um dia o dono acordou no maior agito, andando pra todo lado, e eu tratei logo de avisar:
- Esquece, dono! Eu não vou mudar!!!
Mas o dono nem ligou pra mim. Chegou uma visita, ele logo mandou essa visita embora, pegou uma sacola e um cabide e avisou que ia sair e demorar um pouco. Eu e o Ferrugem não entendemos porque ele ia sair em pleno sábado e ia demorar...
Voltou só tarde da noite.
Como sempre, eu e o Ferrugem corremos pra perto da porta logo que ouvimos o elevador parar. O dono abriu a porta e a dona estava com ele. Só que a dona usava uma roupa muito esquisita!!! Toda branca, parecendo uma boneca!!! E o dono estava com uma roupa diferente da que saiu!!!


Eu não entendi nada! O Ferrugem ficou olhando a dona de cima a baixo, várias vezes, desconfiado, e por via das dúvidas achou melhor sair correndo e se esconder... Eu fiquei na minha tentando entender isso...
O dono carregou a dona no colo pra dentro de casa, e eu entendi menos ainda, pois ela não estava doente nem machucada... Depois o dono explicou que a dona ia morar conosco porque eles tinham casado.
- Poxa, dono! E nós não fomos convidados pra festa??? Por quê???
Era verdade, a dona trouxe as coisas dela e tudo. Por isso que a toda hora entregavam pacotes lá em casa, e eu adorei, pois todas as caixas eram minhas.
A partir daí as coisas mudaram um pouco aqui em casa.
Pra começar, ficou proibido lavar as meias do jeito que o dono lavava. Depois, o dono não podia mais pendurar uma camisa num armário, outra no outro, mais outra no outro... Nem colocar as calças do pijama numa gaveta e as blusas no outro quarto... Muito menos espalhar cuecas e meias por todos os armários da casa.
Enfim, a dona colocou ordem naquela bagunça, ninguém mais pode remexer nas cuecas dele, nem ele pode ter daqueles segredinhos comigo... 

E assim tudo está até hoje.
Mas o melhor dessa história toda é que não precisamos mais ficar para fora do quarto durante a noite, esperando o dono abrir a porta depois de acordar... Agora a cama é nossa e deixamos um pedacinho para o dono!
Porque agora podemos dormir onde quisermos!



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