domingo, 22 de julho de 2012

A Bruxa Má

Estava eu feliz, alegre e contente, com a alma em festa e o coração a gargalhar, brincando pela casa, quando o dono me pegou e me colocou na caixinha de transporte.

Logo pensei que íamos para a praia, mas ... não vi o dono colocar as coisas no carro, nem buscar a dona, que na época ainda não morava com a gente.

Bom, resolvi resmungar, e o dono deixou eu ir solto no carro. Ele é bonzinho, sempre deixa eu ir no banco... Mas eu também sou bonzinho, fico bem quietinho.

Chegamos em algum lugar e o dono me colocou de novo na caixa.

- Miau!!! Onde raio nós estamos indo? E por que a dona não veio também?

O dono tocou a campainha e lá veio uma mulher atender. Mexeu comigo e, quando abriram a caixa, eu estava numa mesa muito esquisita.

Ela começou a me apertar todo e daí eu me lembrei que lá na loja onde eu estava quando adotei o dono, também tinha um sujeito que me apertou, deu injeção e fez umas outras coisas de que não gostei...

- Sim, é isso! Estamos no veterinário! – pensei.

Miei para o dono porque não entendi nadica!! Eu não estava sentindo nada... Minhas patinhas estavam em ordem, não doía em lugar nenhum, meus ouvidos estavam perfeitos, meus olhinhos muito acesos, não estava com febre e meu apetite estava bom. Por que raios o dono me trouxe aqui???

Aperta daqui, aperta dali, e eu resolvi só suportar tudo aquilo, porque sei que acaba mais rápido se eu deixo examinarem logo tudo. Porém, não gostei nada nada da tal doutora: ela ficou um tempão apertando sabe onde??? Lá mesmo. Maldosa!!

Quando eu pensei que tudo tinha acabado e me preparei para entrar na minha caixa... surpresa!!!.

- Ei, doninho! Você me esqueceu aqui!!! Quero ir com você!!! Ei, me pega, me pega, miauuuuuuu!!!

O DONO FOI EMBORA SEM MIM!!! Fiquei tão magoado... como o dono pode me esquecer??? Miau, miau, miau.

Rosnei para a doutora quando ela veio me pegar de novo, mais tarde. Não queria saber de ninguém, só do meu dono. Era dia do aniversário dele e eu queria estar na festa, e ponto final.

Mas aquela chata insistia em mexer comigo: puxa daqui, aperta dali, chamou até um troglodita pra ajudar a me segurar. Lutei o quanto pude, pois não queria que ninguém me pegasse, mas ela sapecou uma injeção no meu pandeiro e me deu um soninho....

Acordei não sei quanto tempo depois, tonto e todo enjoado. O dono não tinha voltado ainda e ...... miau... ai!!! Estava doendo em algum lugar... Adivinhe aonde???? LÁ MESMO!!!

AQUELA BRUXA DAQUELA DOUTORA ME MACHUCOU BEM NO MEIO DAS PERNAS!!! Que será que ela aprontou??? Tá doida???

Me deram um remédio bem amargo algumas vezes, mas nada do dono chegar. Anoiteceu, e eu só pensava na festa de aniversário do dono: por que ele fez isso comigo???

Meu doninho só apareceu mesmo pela manhã. Ouvi o carro chegando e ... MIAUUUUUUUUUUUUUUUUU... me pus a chamar bem forte:

- Dono!!!!!!!! Me tira daqui!!!!!!

A dona estava com ele. Quando abriram a porta, corri logo para o colo e contei:

- Bate nessa bruxa, dono!!!!!!!!!! Olha só o que ela fez comigo... me machucou no meio das pernas.....

A dona me agradou um tanto enquanto o dono pagava a conta (Raios, ela ainda cobrou pra fazer isso comigo!!!). Quando me puseram na caixa, pus-me a gritar novamente: não queria que me deixassem lá de novo, de jeito nenhum!

- MIAUUUUUUUUU!!! Eu arrebento tudo aqui, mas não fico!

Mas dessa vez me levaram embora. A festa, é claro, já tinha acabado. Mas confesso que eu não estava disposto pra festa não. Tinha muito sono e tudo o que queria era dormir na minha casinha. Comi minha ração, usei minha areia (aiiii... isso doeu) e dormi até o dia seguinte.

Só depois fui entender que me castraram. Pelo que entendi da conversa da dona, é para eu não fugir na casa de praia, atrás das gatinhas. E de fato eu agora não tenho a menor vontade de entrar na disputa pelas gatinhas do pedaço... prefiro o colo do meu dono.

A dor logo passou, mas muito depois descobrimos que a bruxa má tinha deixado um pedaço de linha dentro de mim, que um bom tempo depois caiu sozinho.

Mas o dono acabou concordando comigo que a doutora era bruxa, e má. Deu o braço a torcer quando peguei uma alergia perto da orelha e ela mandou passar em mim um remédio feito na farmácia. Só que o tal remédio doía muito, queimava e eu saía correndo que nem um louco, abaixava minhas orelhas para trás, chorava de sair lágrimas dos olhos e ficava um tempão olhando o dono de lado... E o dono chorava junto!

Sabe o que tinha acontecido? O TAL REMÉDIO ERA PRA CAVALO!!!!

Bem, o dono ligou que nem um doido pra doutora bruxa má e perguntou, irritado, se ela sabia o que estava fazendo.

- Claro que não, eu não sou cavalo! – logo respondi.

Sei lá o que rolou nessa conversa. Só sei que o dono falou um monte para a bruxa má e depois eu o ouvi dizer para a dona que ela estava bêbada! Bingo! Ele concordou comigo: era uma bruxa má, que me maltratou, e ponto final.

Depois fomos a outro veterinário, que me desenganou e o dono quase morreu de tristeza enquanto esperava o resultado de um tal exame de sangue, que doeu pra burro pra fazer. Quando o resultado chegou dizendo que eu não tinha nada, daí quem quase morreu foi o tal veterinário – só que era o dono que queria matar ele!!

Bom, acabamos descobrindo, com um outro veterinário – esse é fada, e não bruxa – que o que eu tinha era só essa alergia, de algum matinho em que encostei na casa da praia. Passamos uma pomadinha e eu fiquei inteirinho de novo.

Sofri pra caramba com isso tudo, mas a história toda valeu muito porque mostrou o quanto dono me adora...

Definitivamente, ele não vive sem mim!!!

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